Referi este ponto da centralidade de Valadares na apresentação da minha candidatura. E está a ser desenvolvido na elaboração do nosso programa. Mas a sua importância fulcral leva-me a sublinhar, desde já, alguns aspectos que considero decisivos.
Aliás, a abertura do concurso, na semana passada, para a maior obra pública de todos os tempos no concelho - a ligação entre Baião e a Ponte da Ermida - constitui o pretexto ideal para a clarificação desses aspectos.
De resto, foi o próprio Secretário de Estado que falou expressamente na criação de um nó rodoviário em Pousada, para servir Valadares, “a freguesia mais central do concelho”.
Ora, a nossa freguesia é, de facto, o coração geográfico de Baião. Mas, pela sua história, já foi e tem de voltar a ser muito mais do que isso.
Durante perto de mil anos, a nossa Igreja (monumento nacional, pela arquitectura e raridade dos frescos) foi o lugar para onde convergiram três variantes do Caminho que levava os peregrinos do centro interior do país para Santiago de Compostela, vindos dos atravessamentos do Douro em Aregos, em Mirão e na Ermida.
O estudo pormenorizado desse(s) Caminho(s) e a importância da nossa Igreja como espaço de acolhimento, tratamento e repouso dos peregrinos foi realizado passo a passo pelo historiador Arlindo Magalhães, doutorado em Salamanca e Professor da Universidade Católica.
Por sua vez, a existência do “curro” aliada à prática de uma tourada de ritual primitivo (muito diferente da chamada corrida de touros à portuguesa), demonstra a permanência, na nossa região, de antepassados ainda muito mais antigos, porventura anteriores aos Celtas, onde o Carvalho era uma árvore sagrada e significava a sabedoria, à sombra da qual se realizavam as cerimónias ao ar livre, e o Touro era o símbolo do poder e da fertilidade.
Ainda relacionado com a existência do “curro”, não é alheio o facto de esta freguesia ter sido, em anos não muito longínquos, uma das quatro mais representativas do gado bovino arouquês, no contexto concelhio.
É por tudo isto que entendo reafirmar o seguinte:
1. Todo o espaço que integra estes elementos de tão elevado interesse ambiental, cultural e histórico, o início do caminho que parte da Igreja - já protegida por lei - , o terreiro da Carvalha e o Curro, deve ser classificado urgentemente como património de “interesse municipal”;
2. O projecto para a requalificação desse espaço deve ter em conta todo o peso da história e tradição que lhe está associado, numa ideia de conjunto, e não pode resultar apenas de duas ou três ideias sem nexo, ou da simples preocupação de “fazer bonitinho”;
3. A execução desse projecto deve permitir um conjunto diversificado de actividades ao longo de todo o ano, para fruição da nossa população e atracção de visitantes;
4. A ligação da via rápida desde o nó previsto para Valadares será, também neste sentido, uma prioridade da nossa luta como responsáveis da autarquia local.
Por Valadares novamente no coração de Baião,
Ilda Borges
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